Grumman TBM-3E Avenger (TBM-3E, TBM-3E2)

HISTÓRICO

O Grumman TBF-3 Avenger foi um dos principais aviões navais empregados na II Guerra Mundial. Apesar de seu batismo de fogo ter sido desastroso (cinco dos seis Avengers empregados na Batalha de Midway foram abatidos), ele foi utilizado de 1942 a 1954, como bombardeiro, torpedeiro e anti-submarino.

O primeiro voo do protótipo XTBF-3 foi realizado no dia 7 de agosto de 1941. Durante a II Guerra, o Avenger foi produzido pela Grumman, num total de 2.290 aeronaves, e pela Eastern Aircraft Division, da General Motors, como TBM-3, estes totalizando 7.546 aeronaves.

No pós-guerra, inúmeras versões do Avenger foram desenvolvidas, das quais se destacam a TBM-3E/TBM-3E2 (equipadas com radar AN/APS-4 em “pod” subalar), TBM-3S/TBM-3S2 (versões modificadas dos TBM-3E/TBM-3E2 para guerra antissubmarina) e TBM-3W/TBM-3W2 (equipadas com radar de busca sob a fuselagem); os TBM-3W e TBM-3S eram utilizados normalmente em pares “hunter-killer”, sendo o “W” empregado na busca de submarinos e o “S” na destruição dos mesmos.

Na Marinha do Brasil

A história dos Avenger na Marinha do Brasil remonta a 1960, quando o NAeL “Minas Gerais” estava sendo reformado nos estaleiros Verolme, na Holanda. Na época, várias aeronaves TBM-3 da Marinha Real Holandesa (as quais haviam sido anteriormente utilizadas pela Marinha Real Britânica) estavam sendo desativadas e, de acordo com os termos da aquisição das mesmas dos EUA via “Mutual Defense Assistance Program”, elas deveriam ser devolvidas aos EUA ou destruídas no local.

Através de um acordo com a US Navy, a Marinha do Brasil deveria receber, conforme a tabela abaixo, cinco aeronaves, para fins de treinamento de manobra em convés de voo. Apenas três dos Avengers receberam matrículas brasileiras; dos dois restantes, um foi transferido à Marinha do Brasil mas não foi recebido, tendo sido destruído como sucata na Holanda, e do outro nada se pode afirmar. Existem relatos (vide referência 5) de que uma das aeronaves recebidas pela Marinha do Brasil teria sido um TBM-3S pertencente à Aéronavale (Aviação Naval Francesa), mas nenhuma das aeronaves cujos registros mencionam sua tranferência à Marinha do Brasil foram utilizadas pela Aéronavale (conforme contatos com a “Association pour la Recherche de Documentation sur l’Histoire de l’Aéronautique Navale”). Além disso, relatos de que outras três aeronaves (BuAer 85930, 86174 e 85543) teriam chegado ao Brasil, encaixotados, parecem ser inverossímeis, já que pelo menos o 85930 foi aquela aeronave destruída como sucata, mencionada anteriormente.

 Versão  BuAer Histórico
TBM-3E2 53142 Data de aceitação USN: 3/5/45; transferido Reino Unido 29/9/53, matrícula XB378; convertido AS.5 por SAL Prestwick Junho/54; descarregado RN 28/3/58; transferido RNethN 19/2/58 como rebocador de alvo, matriculado 22-32 e depois 073; descarregado RNethN 08/2/61; transferido MB 25/7/60, matriculado 1 e depois N-501.
TBM-3E 53604 Data de aceitação USN: 8/6/45; transferido Reino Unido 29/9/53, matrícula XB385; convertido AS.5 por SAL Prestwick Junho/54; descarregado RN 28/3/58; transferido RNethN 19/2/58, matriculado 22-28 e depois 069; transferido MB 25/7/60, matriculado 3 e depois N-503; descarregado RNethN 30/7/60.
TBM-3E 85549 Data de aceitação USN: 24/2/45; transferido Reino Unido a bordo do HMS Perseus 4/5/53, matrícula XB445; convertido AS.5 por SAL Prestwick Novembro/53; descarregado RN 28/3/58; transferido RNethN 17/3/58, matriculado 22-25 e depois 067; descarregado RNethN 25/7/60; transferido MB 25/7/60, matriculado 2 e depois N-502; acidentado ao levantar vôo do NAeL Minas Gerais em 10/9/61, perda total.
TBM-3E 85930 Data de aceitação USN: 28/3/45; transferido Reino Unido 4/5/53, matrícula XB447; convertido AS.5 por SAL Prestwick Janeiro/54; descarregado RN 28/3/58; transferido RNethN 17/3/58, matriculado 22-26 e depois 068; transferido MB 25/7/60; descarregado RNethN 30/7/60; destruído como sucata em The Kooij, Holanda.
TBM-3E2 86174 Data de aceitação USN: 20/4/45; transferido Reino Unido a bordo do HMS Perseus 4/5/53, matrícula XB331; convertido para AS.4 por SAL Prestwick Junho/54; descarregado RN 28/3/58; transferido RNethN 19/2/58 como rebocador de alvo, matriculado 22-34 e depois 075; descarregado RNethN 30/7/60; transferido MB 25/7/60.
Fontes: referências 3, 4, 5 e 7.
Legenda: MB, Marinha do Brasil; RN, Royal Navy (Marinha Real Britânica); RNethN, Royal Netherlands Navy (Marinha Real Holandesa); USN, United States Navy (Marinha dos EUA).

A carreira dos Avenger pela Marinha do Brasil foi curta, causada pela falta de peças de reposição e acidentes. Em 10 de setembro de 1961, o N-502 foi perdido em acidente ao tentar decolar do NAeL “Minas Gerais”. Quando a Marinha do Brasil foi proibida de operar aeronaves de asa fixa, por força do Decreto-Lei nº 55.627, de 26 de janeiro de 1965, o N-501 foi desmontado e o N-503 permaneceu por algum tempo exposto no Quartel dos Marinheiros, no Rio de Janeiro.

Avenger a bordo do NAeL “Minas Gerais” (foto: Marinha do Brasil).

Características técnicas (Grumman TBM-3E Avenger)

Motor 1 motor radial de 14 cilindros Wright R-2600-20 de 1.900HP, refrigerado a ar
Comprimento 12,48 m
Altura 5,00 m
Peso 4.783 kg (vazio); 8.117 kg (máximo)
Velocidade 444,36 km/h (máxima)
Alcance 1.624 km
Razão de subida 627,8 m/min
Teto de serviço 9.174 m
Tripulação Piloto e dois tripulantes
Armamento

Vistas laterais

TBM-3E XB445, Royal Navy.
TBM-3E 067, Koninklijke Marine.
TBM-3E “2”, BuNo 85549.
TBM-3E “3”, BuNo 53604.
TBM-3E N-502.
TBM-3E N-501.

Bibliografia:

  1. Aviação Naval Brasileira. Junho de 2003. http://www.angelfire.com/space/anb/.
  2. “Carrier Aviation Air Power Directory – The World’s Aircraft Carriers and their Aircraft: 1950 – Present”. AIRtime Publishing, Norwalk, 2001.
  3. G. Kernahan e R. Sturtivant, “Fleet Air Arm Avengers Post-War”. In: Aeromilitaria, V. 27, Issue 107, pp. 79-86. Air-Britain, Shepperton, Outono 2001.
  4. G. Kernahan e R. Sturtivant, “Fleet Air Arm Avengers Post-War – Part 2”. In: Aeromilitaria, V. 27, Issue 108, pp. 121-130. Air-Britain, Shepperton, Inverno 2001.
  5. R. Terlizzi. “Avenger – O clássico naval anônimo do Brasil”. In: ASAS, Ano II, Nº 7, pp. 62-66. Junho/Julho 2002.
  6. T.C. Treadwell. Grumman TBF/TBM Avenger. Tempus, Stroud, 2001.
  7. E. van Dijkman. Comunicação pessoal, 13/09/2003.