Chance Vought V-66B Corsair (O2V)

HISTÓRICO

O Chance Vought V-66B Corsair II era a versão para exportação ao Brasil do biplano de observação O3U, desenvolvido a partir do Chance Vought O2U e apresentado à US Navy em 1930. Os primeiros exemplares de um lote inicial de 36 aeronaves foram entregues à marinha estadunidense em janeiro de 1931. Até 1935, a US Navy e o US Marine Corps receberiam um total de 312 exemplares do O3U, em suas diferentes versões.

A companhia produziu uma versão para exportação, denominada V-50, a qual tornou-se um sucesso de vendas, com 153 exemplares vendidos à Alemanha, Argentina, China, México, Perú e Tailândia.

No Brasil

Com a eclosão da Revolução Constitucionalista, em 9 de julho de 1932, o governo brasileiro comprou vários tipos de aeronaves nos EUA, às pressas, para tentar recompor os meios aéreos das aviações militar e naval, que dispunham de poucas aeronaves adequadas para emprego em combate.

Oito aeronaves V-66B foram então adquiridas, mas acabaram por chegar ao Brasil apenas no final de 1932, quando o conflito já havia terminado. Os V-66B podiam ser utilizados tanto como hidroaviões, sendo equipados com um flutuador central e dois auxiliares, sob as asas, ou como aeronaves baseadas em terra, com um trem de pouso biciclo e bequilha com roda. Assim os O2U-2A também recebidos naquele período, os V-66B ficaram conhecidos como “Corsários”.

Os V-66B foram montados entre janeiro e março de 1931 e distribuídos Centro de Aviação Naval (CAvN), no Rio de Janeiro. Em 1933, três aeronaves foram transferidas para Belém do Pará, para participarem das ações militares de manutenção da neutralidade brasileira durante o conflito entre a Colômbia e o Perú, na região amazônica. Duas dessas aeronaves passaram a compor a 2ª Divisão de Observação (2ª DO), criada em 23/03/1933.

Alguns meses após, seis V-66B foram distribuídos à 1ª Divisão de Observação (1ª DO). No entanto, em setembro, essas duas divisões foram extintas, sendo criada a Flotilha de Observação; no mês seguinte, essa unidade foi dissolvida e, em seu lugar, foi criada a 1ª Divisão de Aviões de Observação (1ª DAO). Durante esse ano de sucessivas mudanças de designações de unidades, os V-66B foram designados como O2V (indicando ser o 2º tipo de aeronave de Observação da Vought empregado pela Aviação Naval), e matriculados O2V-39 a O2V-46.

Em março de 1934, a 1ª DAO teve sua designação alterada para 2ª Divisão de Aviões de Observação (2ª DAO), concentrando nela todos os O2V; nesse mesmo mês, uma das aeronaves foi perdida em acidente. Em dezembro daquele ano, seis aeronaves foram transferidas para a Base de Aviação Naval de Ladário, no Estado do Mato Grosso, a fim de realizar missões de vigilância da fronteira oeste do Brasil, face à Guerra do Chaco, envolvendo o Paraguai e a Bolívia.

Em novembro de 1935, devido a problemas orçamentários e reduzida disponibilidade de aeronaves de vários tipos, incluindo os O2V, diversas divisões foram extinções, concentrando seu efetivo de pessoal e material no 1º Grupo Misto de Combate, Observação e Patrulha (1º GMCOP), sediado no Rio de Janeiro.

Devido ao intenso uso dos O2V em missões de treinamento, observação e espotagem de tiro de artilharia dos navios da Esquadra, a disponibilidade dos mesmos foi se tornando cada vez menor. Em vista disso, em março de 1937 o 1º GMCOP foi extinto, sendo criado em seu lugar o 1º Grupo de Observação e Caça, para o qual foram transferidos os seis O2V ainda em uso.

A carreira dos O2V na Aviação Naval terminou com a transferência do último exemplar disponível, a aeronave O2V-44, em 20/01/1941, às Forças Aéreas Nacionais, criadas naquela data.

Características técnicas (Vought V-66B Corsair)

Motor 1 Pratt & Whitney R-1340-12 de 560 HP
Comprimento 7,97 m
Envergadura 10,97 m
Superfície alar 30,24 m2
Altura 3,25 m
Peso 997 kg (vazio); 1.813 kg (máximo)
Velocidade 317 km/h (máxima)
Alcance 952 km
Razão de subida 472 m/min
Teto de serviço 6.100 m (com trem de pouso)
Tripulação 1 piloto e 1 metralhador/observador
Armamento 1 metralhadora Colt Browning MG40 .30 pol na seção cental da asa superior e 1 metralhadora Lewis .30 pol na nacele traseira; até 226,5 kg de bombas em cabides instalados sob as asas.

Vistas laterais

O2V nº 41, 1ª Divisão de Aviões de Observação.
O2V nº 41, 1ª Divisão de Aviões de Observação – equipado com trem de pouso.
O2V nº 46, 2ª Divisão de Aviões de Observação.

Bibliografia:

  1. J. Flores Jr., “Aeronaves Militares Brasileiras – 1916 – 2015”, Action Editora, Rio de Janeiro, 2015.
  2. A. Camazano A., “Os VOUGHT O2U-2A, V-65B e V-66B CORSAIR: Seu emprego no Brasil”. Idéias em Destaque, nº 49, Jan./Jun. 2017, INCAER, Rio de Janeiro.
  3. 100 Anos da Aviação Naval no Brasil / FGV Projetos. – Rio de Janeiro:
    FGV Projetos, 2016.