Chance Vought O2U-2A Corsair (HO, O1V)

HISTÓRICO

O Chance Vought O2U era um biplano monomotor, desenvolvido em 1925 pela empresa norte-americana Chance Vought Corporation para atender a uma especificação da US Navy para uma aeronave de observação e bombardeio.

Denominado de “Corsair” (Corsário) pela empresa, seus dois protótipos foram entregues à US Navy em 1926. Durante os ensaios, a aeronave surpreendeu a US Navy, atendendo a todos os requisitos especificados. Um contrato para a produção de 132 aeronaves da versão inicial, O2U-1, foi assinado logo em seguida e os primeiros exemplares de série foram entregues em dezembro de 1927.

Ao final da produção do Corsair em suas diferentes versões, em 1930, 379 exemplares haviam sido entregues às armas aéreas de países como os EUA (incluindo sua Guarda Costeira), Argentina, Canadá, China, Cuba, Japão, México, Perú e República Dominicana.

No Brasil

Encomendados pelo governo brasileiro como parte do esforço para reequipar as aviações militar e naval logo após a eclosão da Revolução de 1930, os seis O2U-2A “Corsários” adquiridos chegaram ao Brasil após o final do conflito.

Os “Corsários” podiam ser utilizados tanto como hidroaviões ou como aeronaves baseadas em terra. Para tanto, podiam ser equipados com flutuadores (um central e dois subalares) ou com trem de pouso biciclo e uma sapata na parte ventral traseira da fuselagem. Designados como tipo HO e matriculados de nº 1 a 6, os “Corsários” foram distribuídos ao Centro de Aviação Naval no Rio de Janeiro em fins de 1930. No ano seguinte, foi criada a 1ª Seção Independente de Aviões de Esclarecimento, à qual foram transferidas as seis aeronaves.

Em outubro de 1931, três aeronaves foram deslocadas para Recife, a fim de auxiliar no combate às tropas rebeladas do 21º Batalhão de Caçadores. No voo de regresso ao Rio de Janeiro, em novembro, duas das aeronaves se acidentaram, ao largo de Trancoso, na Bahia.

Reduzidos a quatro aeronaves, os “Corsários” teriam participação intensa na Revolução Constitucionalista, a qual eclodiu no dia 9/06/1932. A Marinha de Guerra destacou várias de suas aeronaves para realizarem o patrulhamento da costa paulista, em particular na região em torno do porto de Santos, a fim de garantir o bloqueio naval imposto ao governo paulista.

Os quatro “Corsários” operaram desde terra, inicialmente a partir do Rio de Janeiro. Empregados nas operações militares no Vale do Paraíba, as tripulações da 1ª Seção e seus “Corsários” conseguiram detectar e localizar várias posições de artilharia paulistas, bombardeando-as e destruindo inúmeros obuses.

A partir de 26 de julho, dois dos “Corsários” foram transferidos para operar desde uma pista preparada especialmente para as operações da Aviação Naval, em Ilha Bela, São Paulo. Além das missões de patrulha e reconhecimento, essas duas aeronaves passaram a realizar missões de escolta aos Savoia-Marchetti SM.55A e Martin PM-1B, que estavam sendo utilizados para bombardear alvos de valor estratégico.

Os dois “Corsários” que estavam no Rio de Janeiro foram deslocados, em agosto, para apoiar as operações na frente sul, mas um deles foi perdido ao se acidentar após sofrer pane seca.

Com o final do conflito, a 1ª Seção foi extinta em 01/12/1932.  Os três “Corsários”, agora designados como O1V (indicando serem aeronaves de observação, do 1º tipo fabricado pela Vought em uso na Aviação Naval), juntamente com dois exemplares de uma versão semelhante, o Vought V-66B, passaram a compor a 1ª Divisão de Observação (1ª DO), sediada no Rio de Janeiro e subordinada à Força Aérea da Esquadra.

Em outubro de 1933, foi criada a 2ª Divisão Aérea de Observação (2ª DAO), integrante da Defesa Aérea do Litoral e para essa nova unidade foram transferidos os três O1V. Porém, antes do ano acabar, dois deles sofreriam acidentes; uma das aeronaves foi recuperada pelo pessoal de manutenção das Oficinas Gerais da Aviação Naval.

Com apenas dois exemplares em uso, e sofrendo de problemas de corrosão do motor, os O1V acabaram por serem desativados, um deles em 1935 e outro em 1936.

Características técnicas (Chance Vought O2U-2A Corsair)

Motor 1 Pratt & Whitney R-1340-C de 420 HP
Comprimento 7,72 m
Envergadura 10,97 m
Superfície alar 29,72 m2
Altura 3,60 m
Peso 997 kg (vazio, com trem de pouso); 1.202 kg (vazio, com flutuadores); 1.180 kg (máximo, com trem de pouso); 1.765 kg (máximo, com flutuadores)
Velocidade 241 km/h (máxima, com trem de pouso); 236 km/h (máxima, com flutuadores)
Alcance 978 km (com trem de pouso), 919 km (com flutuadores)
Razão de subida 491 m/min (com trem de pouso), 579 m/min (com flutuadores)
Teto de serviço 6.126 m (com trem de pouso), 5.410 m (com flutuadores)
Tripulação 1 piloto e 1 metralhador/observador
Armamento 1 metralhadora Lewis .30 pol na seção cental da asa superior e 1 metralhadora Lewis .30 pol na nacele traseira; até 226,5 kg de bombas em cabides instalados sob as asas.

Vistas laterais

O1V nº 1, 1ª Divisão de Observação.
O1V nº 3, 1ª Divisão de Observação.

Bibliografia:

  1. J. Flores Jr., “Aeronaves Militares Brasileiras – 1916 – 2015”, Action Editora, Rio de Janeiro, 2015.
  2. A. Camazano A., “Os VOUGHT O2U-2A, V-65B e V-66B CORSAIR: Seu emprego no Brasil”. Idéias em Destaque, nº 49, Jan./Jun. 2017, INCAER, Rio de Janeiro.
  3. 100 Anos da Aviação Naval no Brasil / FGV Projetos. – Rio de Janeiro:
    FGV Projetos, 2016.
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