Fairey Gordon (E1F)

HISTÓRICO

O Fairey Gordon era um bombardeiro leve, produzido pela Fairey Aviation Company a partir do Fairey III, uma aeronave naval desenvolvida durante a I Guerra Mundial. O Fairey Gordon realizou seu primeiro voo em 3/03/1931 e era bastante similar ao Fairey III, porém com a utilização de um motor radial, ao invés do motor em linha usado no seu predecessor.

Capaz de ser empregado tanto com trem de pouso com rodas ou com flutuadores, o Fairey Gordon foi utilizado pela Royal Air Force e pela Fleet Air Arm (Arma Aérea da Esquadra) durante a década de 1930; alguns Gordons da RAF entraram em combate durante o levante iraquiano, realizado com o apoio da Alemanha Nazista, em 1941.

No Brasil

A eclosão da Revolução Constitucionalista em 9/07/1932 fez com que o governo brasileiro buscasse adquirir novas aeronaves de combate para fazer frente às forças insurretas paulistas. Dentre outras que foram adquiridas nesse período, estavam 20 exemplares do Fairey Gordon. No entanto, essas aeronaves só chegaram ao Brasil ao final do mês de outubro daquele ano, quando a revolução já havia sido debelada pelas tropas legalistas.

Designados como E1F (indicando ser uma aeronave de Esclarecimento, do 1º modelo fabricado pela Fairey a ser empregado pela Aviação Naval), os Gordon deveriam ter sido matriculados com os números 47 a 66. No entanto, devido ao registro equivocado de quatro aeronaves, quatro matrículas foram repetidas (as de nº 53 a 56), e as matrículas de números 50, 57, 58 e 59 acabaram por não serem usadas. Para sanar o problema, as matrículas repetidas foram modificadas, adicionando-se a letra “A” ao final.

Para a operação dos Gordon, foram criadas quatro Divisões de Esclarecimento e Bombardeio, subordinas à Defesa Aérea do Litoral: 1ª DEB (sediada na Base de Aviação Naval de Ladário, Mato Grosso); 2ª DEB (sediada na Base de Aviação Naval do Rio Grande do Sul, em Rio Grande); 3ª DEB (sediada na Base de Aviação Naval do Santa Catarina, em Florianópolis); e 4ª DEB (sediada no Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro).

Logo no início de 1933, três aeronaves da 4ª DEB foram destacadas para operações em Tabatinga, Amazonas, para apoiar as missões de patrulhamento de fronteira, devido ao conflito entre Colômbia e Perú, na província colombiana de Letícia. Depois de vários percalços durante o deslocamento, os Gordon foram utilizados com sucesso, até retornarem ao Rio de Janeiro, em maio.

Em setembro de 1933, as quatro divisões foram dissolvidas, sendo criada a 1ª Flotilha de Esclarecimento e Bombardeio, com duas esquadrilhas, cada uma composta por três seções de três aeronaves cada. Essas seções foram distribuídas entre diferentes órgãos da Aviação Naval:

  • Força Aérea da Esquadra: 1ª e 2ª Seções (aeronaves equipadas com flutuadores);
  • Defesa Aérea do Litoral: 3ª Seção;
  • Centro de Aviação Naval de Santa Catarina: 4ª Seção;
  • Base de Aviação Naval de Ladário: 5ª Seção (aeronaves equipadas com flutuadores);
  • Base de Aviação Naval do Rio Grande do Sul: 6ª Seção.

O uso intenso dessas aeronaves, associado às dificuldades de sua manutenção pela falta de peças de reposição, em função das restrições orçamentárias, acabaram por cobrar seu preço. Quando a Aviação Naval foi extinta, em 20/01/1941, apenas dois Gordons estavam em condições de voo.

Características técnicas (Fairey Gordon)

Motor 1 Armstrong Siddeley Panther IIA de 550 HP
Comprimento 11,19 m
Envergadura 13,94 m
Superfície alar 40,70 m2
Altura 4,32 m
Peso 1.587 kg (vazio); 2.679 kg (máximo)
Velocidade 193 km/h (máxima)
Alcance 964 km
Razão de subida 304 m/min
Teto de serviço 6.705 m
Tripulação 1 piloto e 1 metralhador/observador
Armamento 1 metralhadora Vickers .303 pol na lateral esquerda da fuselagem e outra na nacele traseira; até 227 kg de bombas em cabides instalados sob as asas.

Vistas laterais

E1F nº 48, 1ª Divisão de Esclarecimento e Bombardeio.
E1F nº 54A, 1ª Divisão de Esclarecimento e Bombardeio.
E1F nº 63, 1ª Divisão de Esclarecimento e Bombardeio.
E1F nº 64, 1ª Divisão de Esclarecimento e Bombardeio.

Bibliografia:

  1. J. Flores Jr., “Aeronaves Militares Brasileiras – 1916 – 2015”, Action Editora, Rio de Janeiro, 2015.
  2. 100 Anos da Aviação Naval no Brasil / FGV Projetos. – Rio de Janeiro:
    FGV Projetos, 2016.
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