Histórico
O Martin PM-1B era um aerobote de patrulha marítima, biplano, construído pela Glenn L. Martin Company, em 1929-1930. O projeto da aeronave foi desenvolvido pelo Naval Aircraft Factory, o escritório da US Navy para o desenvolvimento e produção de aeronaves. Em 1929, a construção do PM-1 foi contratada às empresas Douglas Aircraft Company, Hall Aluminum, Keystone e à Martin, cabendo a essa última dois contratos para a produção de 30 aeronaves.
No Brasil
A eclosão da Revolução de 1930 tornou necessária a aquisição urgente, pelo governo brasileiro, de aeronaves de combate para recompor a capacidade operacional das aviações do Exército e da Marinha. Respondendo favoravelmente a uma solicitação do governo brasileiro, o governo norte-americano aprovou a venda de material bélico ao Brasil, incluindo três aerobotes PM-1B. No entanto, essas aeronaves chegaram ao Rio de Janeiro apenas após a vitória dos revoltosos de 1930 e a consequente instalação do governo provisório, liderado por Getúlio Vargas.
Ao chegarem, os PM-1B receberam as matrículas HP-1 a HP-3, sendo destinados inicialmente ao Centro de Aviação Naval, no Rio de Janeiro, em 19/12/1930. Na véspera do Natal, foi formada, de forma provisória, a 1ª Seção Independente de Aviões de Patrulha da Defesa Aérea do Litoral. O primeiro PM-1B foi montado e realizou seu voo inicial um mês depois, a 24/01/1931. Com as três aeronaves em operação em março daquele ano, foram feitos vários voos de treinamento de patrulha, de longa duração.
Com a incorporação de onze Savoia-Marchetti SM.55A ao acervo da Aviação Naval, foi criada a Força Independente de Patrulha (FIP), em setembro de 1931, composta pelos PM-1B e pelos SM.55A. No início de janeiro de 1932, dois PM-1B foram deslocados para João Pessoa, capital da Paraíba, para apoiar a supressão ao levante de praças do 21º Batalhão de Caçadores, unidade do Exército sediada em Pernambuco.
Em 10 de março de 1932, a FIP foi redesignada como Flotilha Mista Independente de Aviões de Patrulha (FMIAP), e os PM-1B passaram a compor a sua 3ª Seção. A FMIAP teve duração efêmera, pois em 16 de junho ela foi dissolvida, sendo criada em seu lugar a Força Aérea de Defesa do Litoral nessa mesma data, com os PM-1B passando a fazer parte da mesma.
A eclosão da Revolução Constitucionalista menos de um mês depois, em 9 de junho, veria a participação das aeronaves de patrulha da Marinha de Guerra, voando em missões de patrulha e de bombardeio contra os revoltosos. As primeiras missões realizadas pelos PM-1B foram feitas ao longo do litoral paulista, para detectar quaisquer navios que tentassem furar o bloqueio naval imposto pelo governo aos revoltosos.
Em 23 de julho foi formada a Força da Defesa Aérea do Litoral, com dois PM-1B sendo alocados à 1ª Seção dessa unidade. Além das missões de patrulha e vigilância marítima, os PM-1B foram empregados em missões de bombardeio estratégico, armados com quatro bombas de 230 lb, em conjunto com os SM.55A, também usados para tais missões. Nos dias 27 e 28 de julho, foram feitos ataques à usina de energia elétrica situada em Cubatão – SP, com resultados pouco satisfatórios; porém, o ataque feito no dia 5 de setembro ao Forte de Itaipu foi bem sucedido, destruindo parte das peças de artilharia dessa fortificação que guardava o acesso ao porto de Santos – SP.
Um forte vendaval ocorrido no dia 12 de setembro levou à perda de um dos PM-1B. Com o final das hostilidades, ocorreu nova reorganização nas unidades da Aviação Naval, com a criação da Defesa Aérea do Litoral e da Força Aérea da Esquadra. Subordinada a esta, foi criada a 1ª Divisão de Patrulha, no dia 10/11/1932 e, uma semana após, os dois PM-1B foram transferidos para a 1ª DP.
Em fins de novembro, os PM-1B foram redesignados como P1M (seguindo o estilo empregado pela US Navy, indicando ser uma aeronave de Patrulha, 1º modelo fabricado pela Martin) e receberam as matrículas P1M-14 e P1M-15. Além disso, passaram a ostentar nas laterais da fuselagem os códigos táticos 1-P-1 e 1-P-2, respectivamente, indicando serem as 1ª e 2ª aeronaves da 1ª DP.
Devido ao intenso uso dos SM.55A durante as operações na Revolução Constitucionalista, causando sua baixa disponibilidade, os PM-1B passaram a ser mais exigidos e isso, por sua vez, acabou também por fazer com que eles tivessem baixa disponibilidade entre 1933 e 1935. Apesar da remotorização com motores R-1760D e longos períodos de revisão, os P1M se aproximavam do fim da sua vida útil.
Aliás, o problema da baixa disponibilidade afetava praticamente todos os meios aéreos disponíveis na Aviação Naval, o que levou à criação do 1º Grupo Misto de Combate, Observação e Patrulha no 1º trimestre de 1936, fundindo as aeronaves e tripulações da 1ª Divisão Aérea de Patrulha e de duas divisões da Defesa Aérea do Litoral (Centro), a 2ª Divisão de Observação e 1ª Divisão de Caça.
Em 5/12/1936, após um pouso forçado do P1M-14, ele foi desativado, por ter sofrido danos que não justificavam sua recuperação. Com isso, foi decidido também desativar o P1M-15, encerrando assim a carreira dos aerobotes Martin na Aviação Naval.
Características técnicas (Martin PM-1B)
Motor | 2 motores radiais Wright R-1750D de 525 HP, refrigerados a ar |
Comprimento | 15,01 m |
Envergadura | 22,19 m |
Superfície alar | 113,0 m2 |
Altura | 4,97 m |
Peso | 3.945 kg (vazio); 7.197 kg (máximo) |
Velocidade | 183,00 km/h (máxima) |
Alcance | 1.919 km |
Razão de subida | 90,1 m/min |
Teto de serviço | 2.590 m |
Tripulação | Dois pilotos; 3 ou 4 outros (navegador, mecânicos de voo) |
Armamento | 2 metralhadoras Lewis Mk. 2 de .30 pol., montadas à vante e à ré da fuselagem-casco; até 418 kg de bombas em cabides instalados nas asas. |
Vistas laterais
Bibliografia:
- J. Flores Jr., “Aeronaves Militares Brasileiras – 1916 – 2015”, Action Editora, Rio de Janeiro, 2015.
- 100 Anos da Aviação Naval no Brasil / FGV Projetos. – Rio de Janeiro:
FGV Projetos, 2016.